Chegamos em casa e Vó Léa me recebeu cheia de carinho. Tinha
feito um “potão” de massa com guisadinho. Só para mim! Umas horas depois, chegou um moço trazendo
uma sacola enorme. Pati veio me mostrar o que era, já que eu me recusava a sair
da cozinha (fui transferido de lugar pois eu precisava de cuidados e não
representava perigo para a cachorrinha invocada). Uma sacola cheia de remédios. E me dizia
assim: - Meu filho, tu vais ter que tomar um remédio duas vezes por dia, e
teremos que fazer um curativo nesta patinha pelo menos três vezes todo santo
dia. Eu sei que é ruim, mas tu és um bom menino e vai te comportar. Assim vais
ficar bom logo.
Aunf! É claro que eu iria me comportar!
Logo chegou o Luciano. Fez carinho na minha cabeça, conversou
e quando eu menos espero ploft! Amarrou uma coisa na minha boca! Será que ele
achou eu iria mordê-lo? Senti as ataduras velhas sendo tiradas, e aos poucos um
líquido geladinho escorrendo por dentro da pata. Sim amigo leitor. Você leu
bem! Por dentro da pata! Imagine embaixo de minha pata, não ter nada além de um
buraco! Os ossos expostos e esmigalhados, o calcanhar em carne viva e ainda por
cima sem o último dedinho! Tudo isso numa pata só! E era a traseira direita! Me
colocaram uma pomada e enfaixaram com gaze e ataduras. Me comportei bem, mas
dei uns tironaços é claro. Afinal, eu sentia muita dor. Depois do curativo, vó
Léa me fez engolir três pedaços de salsicha: um normal, outro com remédio
dentro e outro normal. Tudo isso muito rápido, para que eu não sentisse o gosto
do comprimido. Esperta ela! Nunca descobri o remédio escondido! Só sei por que
Pati me contou uma vez, mas eu nem liguei. O gosto da salsicha era muito bom
para eu me preocupar com o remédio.
No terceiro dia em casa, Luciano veio fazer outra vez os
curativos em mim. Desta vez, não tive aquele treco amarrado na boca. Olhei para
ele cheio de carinho e me comportei como um verdadeiro Lord. Aliás, recebi este
nome em razão da pose que gosto de fazer. Deito, cruzo as patas da frente e
viro de lado. E quando me chamam, olho só com o cantinho do olho. Só para fazer
charme.
Na manhã seguinte, Pati andava para lá e para cá
agitada. Me olhava desconfiada, apertava minha barriga, fazia eu beber água...Até
que ela veio até mim e colocou um colar no meu pescoço, me agarrou no colo e me
levou pra grama. E dizia: - Vai Lord! Faz xixi! Ela queria que eu fizesse pipi,
mas algo em mim não me permitia. Estava no quarto dia na minha nova casa e
ainda não havia feito nada de
necessidades. Voltamos para casa. Estávamos esperando o Luciano chegar para nos
levar no doutor Valério. Achavam que eu estava com alguma coisa por dentro que
me impedia de fazer qualquer tipo de necessidade. Enquanto esperávamos, ela e
vó Léa rezaram por mim. Uns instantes depois, chegaram duas moças:
Adriana e Eliana. Eram do centro espírita que Pati e vó Léa frequentavam.
Vieram me visitar! Como eu gostei das duas! Abanei o rabo faceiro! Pati contou
a elas que estava preocupada pois eu não fazia nada de pipi há quatro dias, e
elas chegaram pertinho de mim e fizeram uma prece. Senti aquele líquido correr
patas abaixo, e logo Pati me dizia chorando: - Pode fazer meu filho! E eu fiz um
lagoão! Ensopei a cozinha (Lamento pela minha mãe ter limpado toda a minha
cacaca sozinha. Apesar de não ter pelos e rabo, Pati tem um amor incondicional
por mim. Um amor que só as mães tem. Assim como eu tenho por ela. E pelo meu
pai também. Então querido leitor, não me interprete mal quando eu me referir a
eles como pai e mãe combinado?)! Vó Léa,
Adriana e Eliana encheram os olhos de água. Estavam felizes por eu estar
reagindo.
RSRSRSRSR É PI E MÃE MESMO LINDO lORD DA TIA cÉLIA. ESTOU AMANDO OS TEXTOS.
ResponderExcluirBEIJOS