SUSI
Era dia
primeiro de setembro de 2000. Dia do aniversário de Pati. Vô Ayres (pai de
Pati) estava sentado num banquinho, com as pernas cruzadas, na cozinha
minúscula. Chorava. Não tinha um vintém para comprar um presente para minha
mãe. A situação financeira estava muito difícil e quase não tinham o que comer.
Pati olhava aquela figura, antes tão austera e agora tão frágil. Minha mãe
nunca deu bola para presentes. Queria que o Vô Ayres fosse mais presente em sua
vida. Mais amoroso e menos explosivo. Mas esse era seu modo de amar. Talvez não
o tenham ensinado que amor a gente conquista com boas atitudes. Mas ele também tinha seu lado bom. Era hora
de dormir. Amanhã seria outro dia.
De
madrugada, vô Ayres sai de casa. Saiu pedalando (coisa que ele amava) e não
disse onde iria.
Antes das
6h estava de volta. E chegou em casa gritando: - Pati! Pati! “Óia”! Vem “vê”! Ó
o teu presente de aniversário! O nome dela é Susi! Eu roubei de uns mendigos
que estavam judiando dela.
Era uma
bolota de pelos brancos. Com a orelha cheia de piche.
Saiu do
colo pro chão. Se enfiou embaixo da máquina de costura antiga que vó Léa tinha.
Pati tentou tirá-la dali. A bolota rosnava, mostrando os pequenos dentes. Ficou
ali por cerca de quatro horas, até ser vencida pelo cheiro da comida que Pati
tinha posto no meio do quarto (assim ela teria que sair!) e pelo cansaço.
Depois disso
foi só manha! Susi não saía do colo de jeito nenhum. Vocês tinham que ver o
fiasco que ela fez para descer as escadas, quando Pati a levou pra passear.
Sentou aquela buzanfinha no chão e não houve Cristo que tirasse a dona Susi
dali. Lá foi ela de “arrasto” passear.
Susi se
mostrou uma grande companheira de vó Léa e Pati. É extremamente inteligente e
ciumenta. Por alguns meses, Pati trabalhou em uma loja perto de casa. Vinha
sempre almoçar em casa. Chegava em torno de 12h15. Às 12h10, Susi subia no sofá
e apoiava as patas na janela. Todos os dias ela esperava por Pati.
E é assim
até hoje. Susi sabe os horários certinhos que Pati chega e está sempre atenta.
Só esperando nossa mãe chegar.
Nos
próximos posts eu conto mais sobre a Susi! Ela também tem muitas histórias para contar, inclusive da vez que ela viu uma frigideira de óleo e... Opa! Só no próximo post!
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SEMPRE A VIGIAR PATI |
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